Muito se diz sobre as pesquisas de tendência de Moda voltadas para o vestuário, mas os acessórios e calçados também demonstram participação efetiva no consumo. O setor calçadista brasileiro espera acrescer ainda esse ano cerca de 14%, mesmo sofrendo os impactos da pandemia.
A expectativa positiva foi confirmada pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), através de pesquisas relacionadas ao comportamento da indústria de couros e calçados.
Para falar sobre o assunto, convidamos o Professor e Designer Pierre Lopes que atua no setor calçadista desde 1995. Pierre é formado pela FUMA (atual Escola de Design da UEMG) em Belo Horizonte e atualmente se dedica ao setor de calçados esportivos, além das aulas na Universidade FUMEC.
Pierre soma mais de 26 anos de carreira, se aventurando entre pesquisas do mercado externo a experiências dentro de sala de aula.
Foto: arquivo pessoal Pierre Lopes
O que podemos esperar de tendências no segmento de calçados para o próximo ano?
É muito cedo para cravar o futuro, mas uma coisa é certa, a leveza será uma palavra em voga na moda nas próximas estações em resposta ao momento difícil que passamos nos últimos meses.
Qual o maior desafio do mercado para se manter crescente mesmo após os danos causados pela pandemia?
O mercado é resiliente, não há vácuo. A cada lacuna aberta por uma empresa que fecha, outra rapidamente toma o seu lugar. As perdas em postos de trabalho ainda não foram totalmente repostas, mas devemos ressaltar que o governo federal ajudou muito nessa pandemia com o plano de manutenção de empregos, foi o que realmente salvou a economia do país.
De que forma o mercado de calçados está se adaptando às demandas sustentáveis?
Inicialmente as ações sustentáveis se limitaram ao emprego de matérias primas “ecologicamente corretas”. Atualmente os processos fabris, a gestão do descarte e os “R” se juntaram neste processo. Não acredito que haverá uma moda completamente sustentável porque é um processo muito caro, a moda deve ser democrática e se não chegar às camadas populares não justifica o esforço para sustentabilidade. Não existe sustentabilidades seletiva, tem que ser para todos.
Como são feitas as pesquisas de tendência do setor?
Infelizmente no Brasil as tendencias são todas importadas. O que é lançado no exterior certamente chegará aqui. As pesquisas são feitas majoritariamente na Europa, é de lá que vem a influência para nossa moda. Obviamente existem exemplos diferentes, marcas que trabalham sua própria identidade, mas são nichos pequenos, as grandes empresas montam as suas coleções na Europa.
Quais marcas brasileiras lideram as vendas do segmento?
Não tenho acesso às estatísticas atualizadas no market share do setor, mas os grupos Arezzo, Beira Rio, Alpargatas, Grendene e a Olympikus são os maiores há muito tempo e isso tende a se consolidar cada vez mais devido ao investimento que estas empresas fazem em desenvolvimento de produtos.
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