As falas e promessas sobre o potencial do mercado de segunda mão ser um futuro para o consumo de moda sustentável tem se tornado mais e mais frequentes. No entanto, o que antes parecia apenas uma tendência ou possibilidade tem se tornado uma realidade cada vez mais próxima e tangível, com um grande aumento do market share do mercado de segunda mão e projeções ainda mais promissoras e o surgimento de mais startups com foco nesse segmento do varejo de moda.
Segundo o Sebrae, o comércio de produtos usados ou de segunda mão cresceu 48,5% do ano passado para esse ano e mais de duas mil novas empresas desse segmento surgiram – não limitado à moda. Esse dado, no entanto, não deve ser romantizado: segundo estudos, parte do aumento do comércio de segunda mão, não se deve apenas à uma tomada de consciência do consumidor, mas também às árduas condições econômicas e dificuldades financeiras que grande parte da população do Brasil vêm enfrentando com a crise econômica agravada pela pandemia.
A digitalização também foi um passo importante para a popularização do mercado de segunda mão, com o crescimento das plataformas digitais de compra e revenda, como o pioneiro Enjoei.com e as próprias páginas de revenda do Instagram espalhadas pelos países.
“Além de as pessoas passarem a consumir mais online, por conta do isolamento social, houve uma busca ainda maior por preços mais baixos, mais baratos. A questão econômica é o principal acelerador para esse impacto. Todo mundo quer pagar menos. Como consequência, as pessoas também têm repensado mais sobre a própria forma de consumir. Estar mais em casa trouxe também a possibilidade de rever o que se tem, do que pode ser mantido ou do que poderia ser passado adiante por falta de uso e, principalmente: ter nisso um complemento ou uma nova fonte de renda.” conta Ana Luiza McLaren, cofundadora do Enjoei, uma das principais plataformas de compra e revenda de roupas no país.
Em 2019, o mercado de segunda mão cresceu até 21 vezes mais rápido no mundo que o mercado de vestuário no geral e, hoje, ele cresce 11 vezes mais rápido que o setor. Espera-se que nos Estados Unidos o mercado de segunda mão triplique de valor nos próximos 10 anos e atinja o dobro do tamanho do fast fashion até 2030, segundo um relatório do ThredUp. Os dados também sugerem que o mercado de revenda está crescendo a passos mais largos que o mercado de ‘moda sustentável’ – um conceito que tem cada vez mais gerado questionamentos.
Esse setor é, possivelmente, o que mais foi impactado por uma tomada de consciência ambiental em relação à poluição, consumismo e geração de lixo pela indústria da moda. Tanto esse consumidor quanto às marcas que apostam nesse nicho estão interessadas em fazer com que as peças girem, aumentando sua vida útil, gerando menos lixo e criando negócios sustentáveis.
Fonte: FFW
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