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Ser.tão de Lorena Moura e a moda nordestina


Foto: Caxapreta Studio


Sertão não é só o nome de uma região do Brasil, é também o nome da coleção da designer mineira Lorena Moura, 25, que hoje reside em Lisboa (Portugal). Formada em Design de Moda pela Universidade FUMEC, a designer criou sua coleção ainda na faculdade, as referências nordestinas de sua família materna estiveram sempre presentes em seus trabalhos.


Lorena conviveu em meio às referências nordestinas como o frevo, o maracatu, o carnaval e o manguebeat de Chico Science através da bagagem cultural de sua mãe, pernambucana. “Minha mãe viveu grande parte da sua vida em Recife. Se casou, mudou para Minas Gerais, mas suas raízes sempre estiveram presentes em nossa criação (minha e da minha irmã)”.


Durante uma de suas férias na casa dos avós em Recife, a designer assistiu pela primeira vez uma apresentação de Maracatu ao vivo, evento que marcou a sua vida e tocou a sua alma como uma memória afetiva e simbólica.


Foto: Caxapreta Studio


A partir daí, suas pesquisas foram direcionadas ao Maracatu, com enfoque na vertente rural e na figura do caboclo de lança (principal personagem do cortejo), se tornando a ideia perfeita para a criação de sua coleção de TCC, Ser.tão.


“A ideia era criar a minha versão modernizada e desconstruir a figura do caboclo de lança, utilizando como referência o volume e a explosão de cores e texturas presente nas vestimentas. Para as peças secundárias da coleção, usei como referência as ilustrações de J. Borges, um dos principais nomes na literatura de cordel”.


As peças foram desenvolvidas em conjunto com a costureira e modelista Luciana Lacerda, sendo necessário um pouco de engenharia na construção das mesmas. Camadas atrás de camadas de enchimento e arames, além dos acetatos de raio X, deram sustentação ao tecido, montando estruturas exageradas e impactantes.


Foto: Bruna Finelli


“Eu queria que as peças tivessem o caimento mais perfeito possível, o que foi um desafio por conta do desequilíbrio que havia entre as partes mais pesadas do bordado com as partes mais leves do neoprene”.


O design de superfície foi feito a partir de bordados experimentais criados em cima de emaranhados de linhas, lãs, sutaches e demais materiais têxteis recolhidos. A aplicação foi feita com uma base de tela. As estampadas foram criadas por sublimação e serigrafia, a composição do matelassê foi inspirada no desenho do manto do caboclo.


Foto: Mariana Valentim


Para Lorena, a coleção final transmite a verdade que ela carrega sobre o seu trabalho junto de uma reflexão política brasileira sobre o preconceito contra os nordestinos. O Nordeste é culturalmente rico e não deve ser esquecido, por isso é preciso “SER.TÃO”.


Para acompanhar o trabalho da designer ou entrar em contato, você pode achar seu instagram @loris.mf, pelo email lorena.mferreira@hotmail.com ou pelo portfólio online www.behance.net/lorenamoura.

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