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Desvendando os segredos da estamparia japonesa


Foto: (Fonte original: Suzuka City/Direitos: © Suzuka City)


A cultura japonesa é muito rica em beleza em quase todas asáreas. Da arquitetura às artes plásticas, do simbolismo de suas imagens gráficas à sofisticação de seu paisagismo, a beleza e sofisticação técnica permeiam todas as áreas desta cultura milenar.


Isso não seria diferente com as tradicionais técnicas de estamparia de tecidos. Diante do enorme universo de uma tradição milenar como esta, escolhemos falarsobre as técnicas artesanais de estamparia japonesa Ise-Katagami, Bingata e Chusen.

Ise-katagami

O Ise-katagami, ou apenas Katagami, é uma técnica de estamparia de tecido feita com estêncil de papel. Um estêncil nada mais é do que um molde de uma imagem vazada, com o qual se delimita uma área que vai receber a tinta sobre o tecido, que vai estampar os desenhos.


Sobre o tecido esticado na mesa de estamparia, as áreas recortadas do estêncil recebem uma camada de pasta de amido que cobre toda a área do tecido que não vai ser colorida. Esta pasta é aplicada para impedir a absorção de tinta. Em outras palavras, a área vazada do estêncil fica em torno da área que forma o desenho e a camada de amido se parece mais com um "negativo" da estampa final. Depois de seca a camada desta pasta de amido de arroz, as áreas livres são pintadas à mão com pincel ou com ferramentas alternativas pra aplicar a tinta no tecido.


O estêncil do Katagami é feito de várias camadas do papel japonês Whashi, feito de cascas do tronco das amoreiras, coladas com kakishibu, um suco de caqui rico em tanino. Para recortar as imagens nas várias camadas de Whashi coladas, são usadas 4 técnicas com ferramentas próprias, são elas o Shima-bori para cortar listras; o Tsuki-bori com facas afiadíssimas para cortar um volume maior de camadas coladas; o Kiri-bori com facas semicirculares; e finalmente, o Dōgu-bori com suas facas de formatos específicos, como o de uma pétala de flor por exemplo.


A origem do Ise-katagami é tão antiga que não é possível data-la com precisão. Evidências não muito precisas fundamentam a crença de que esta técnica já era usada na era Heian (794-1185).

Bingata


Esta técnica de estamparia é originária da ilha de Okinawa e tem significativas semelhanças com o Ise-Takagami por também usar o estêncil feito de papel whashi, colado com kakishibu, para aplicar a pasta de amido que isola as áreas do tecido que não vão receber cor.


O processo de tingimento e fixação das cores é diferente. Do ponto de vista técnico, além das etapas de produção bem distintas, podemos citar como diferenças importantes o uso exclusivo de pigmentos naturais da região e os temas fortemente ligados à natureza e à cultura local.

Já do ponto de vista estético e cultural, o estilo da estamparia Bingata é marcado pelas cores vivas e pelo grafismo peculiar de seus desenhos. Os desenhos são destacados por áreas da cor de fundo no seu entorno.


A estamparia sempre é feita sobre tecido branco, deixando sua cor de fundo à mostra, e mesmo quando este fundo é colorido, o fundo só recebe tingimento depois da estamparia dos desenhos estar pronta. Como o fundo branco é muito mais frequente nas estamparias Bingata do que os coloridos, podemos supor que esta técnica tem o destaque do seu trabalho na pintura dos desenhos.


Depois de seca a camada de amido de arroz sobre o tecido, as tintas são pintadas com pincéis nos desenhos, começando das cores mais claras para as mais escuras. Logo em seguida, são esfregadas com um pincel duro para se conseguir as cores vibrantes características da estamparia Bingata.


Depois de prontas as etapas de pintura, a fixação das cores é feita com a vaporização do tecido a uma temperatura de 100 graus. Esta etapa do processo foi incluída apenas depois da segunda guerra mundial.

Chusen


Um ícone da cultura japonesa, o Chusen é usado para estampar as toalhas de mão tenegui, souvenir típico do Japão, conhecidas no mundo todo. Esta técnica também usa o estêncil feito de papel whashi colado com kakishibu para aplicar a pasta de amido que isola as áreas que não vão receber a cor.


Mas as suas peculiaridades fazem desta técnica de estamparia um processo de várias etapas, com o consumo de diferentes materiais, para obter uma estamparia com estilo completamente original das técnicas anteriores.


Depois da aplicação da primeira camada de amido, uma folha de tecido leve, de acabamento rústico como um forro, é colocada sobre o tecido para que uma segunda camada de amido seja aplicada com o estêncil. Ainda para garantir uma absorção da tinta com as bordas do desenho bem definidas, é plicada uma camada de serragem sobre o tecido, que absorve os excessos antes de ser retirada.


Neste processo, a tinta não é pintada com pincéis. O tecido será encharcado e as áreas sem a camada de amido absorvem a cor. Para aplicar diferentes cores em diferentes áreas, são feitas barreiras da pasta de amido, aplicadas manualmente com uma bisnaga.


Fonte: Modacad



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