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Entrevista: Estamparia Digital por Ana Flávia Tomaz

Atualizado: 15 de jul. de 2020

As estampas, assim como outros elementos introduzidos no setor do vestuário, trouxeram para a moda recursos que agregam valores estéticos, de mercado e mão de obra criativa. Existem diversos tipos de estamparia como a serigrafia, por cilindro ou quadro, digital e manual. Também existem outros métodos que podem ser usados de diferentes formas, por exemplo, devoré, flocagem, transfer e tye dye.


Foto: Designer Ana Flávia Tomaz.


Para falar sobre o assunto, convidamos a designer Ana Flávia Tomaz, designer de Estamparia Digital. Ana Flávia é formada em Design de Moda pela Universidade FUMEC, já atuou como estilista, desenvolvedora front-end na Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte. Há dois anos a designer trabalha para a Terra Têxtil, atendendo clientes como Iorane, Skazi, Ateen e Akomb. Confira a entrevista:


Como você iniciou o seu trabalho com a estamparia?

A: Minha relação com a estamparia começou na faculdade quando fiz um trabalho sobre minha família e aquilo mexeu muito comigo. Lembro que ficava dias e horas além do horário da disciplina pelo simples prazer de fazer aquele projeto e estar naquele ambiente. Fui monitora logo depois de concluir a matéria, não consegui ficar longe do espaço e dos funcionários da estamparia, eles me ajudaram muito e explicaram a base de tudo o que eu sei. A oportunidade de trabalhar com esse mundo surgiu no fim do curso quando apresentei um trabalho de estágio e comentei que a parte gráfica, de desenhos e cores, sempre me atraiu muito e uma colega de sala me indicou para a empresa. Alô, Renata! Com uma base de estamparia e de alguns softwares que eu utilizava quando trabalhei como front-end, e claro, com a ajuda das minhas colegas de trabalho, a adaptação com o desenho digital em uma empresa reconhecida pelo mercado foi tranquila. Hoje eu fico muito feliz com o resultado dessa trajetória e sempre serei grata pelas pessoas que me ensinaram ao longo do caminho!


Foto: Processo de criação de estampa, arquivo pessoal Ana Flávia Tomaz.


Quais programas são necessários para desenvolver uma estampa profissional?

A: Dentre os programas já existentes na plataforma Adobe (mais utilizada pelas estamparias), o Photoshop permite além do tratamento de imagens (caso seja necessário) a criação de desenhos gráficos com muitos recursos disponíveis. O designer consegue fazer desde estampas bem elaboradas com efeitos de luz e sombra a formas lisas parecidas com vetores.


Foto: Acervo pessoal Ana Flávia Tomaz.


Como funciona o processo de criação de uma estampa?

A: Na Terra Têxtil, lugar onde eu trabalho, existem dois tipos de desenvolvimento das estampas: as que são feitas a pedido do cliente e as que, a partir de pesquisa, fazem parte de uma coleção específica. Quando o cliente procura a empresa para fazer o desenvolvimento de uma estampa, geralmente já vem com a proposta e o tema da coleção a ser seguido. Para ter um resultado assertivo e dentro do prazo proposto, é preciso fazer a coleta de todos os dados possíveis, seja o tamanho do elemento, cor em uma amostra de tecido ou o código da Pantone, disposição dentro da estampa e imagem de referência (caso tenha). A partir dessa primeira fase, se inicia o processo de criação e, durante o mesmo, para qualquer dúvida ou alteração que houver, é recomendado que o designer mantenha um canal direto com o cliente.Quando fazemos as estampas de acordo com alguma tendência da temporada, realizamos uma pesquisa profunda dentro da plataforma do WGSN, além de viagens e visitas às variadas lojas ao redor do mundo. Essa informação é filtrada e a criação começa a partir daí, seguindo todas as especificações ditas anteriormente quanto às particularidades de cada estampa.


De que forma a estampa é anexada no tecido?

A: O processo de sublimação da estampa consiste em imprimi-la em um papel específico para estamparia e depois transferir o desenho para o tecido escolhido em uma máquina a 250 graus Celsius. Antes de enviar a estampa para a produção, a mesma tem que passar por um “pente fino” no setor de criação. Revisão nunca é demais (risos)! A estampa precisa estar rapportada (com a repetição correta) e dentro das especificações da impressora a ser usada como, por exemplo, o perfil de cor dentro dos modos RGB ou CMYK e a resolução (DPI). Após essa impressão, feita em uma sala com a climatização própria para o processo, mantendo assim a integridade do papel e da tinta, o rolo é encaminhando para a Calandra, uma máquina que realiza a prensagem térmica do papel transfer no tecido de forma contínua através de cilindros. E está pronta!

Foto: Acervo pessoal Ana Flávia Tomaz.


Quais tecidos podem ser utilizados nesse processo? Quais as fibras ou misturas mais apropriadas para uma qualidade perfeita?

A: Tecidos como Crepe, Chiffon, Cetim e Jersey podem ser estampados com a sublimação. Como o tecido tem que ser prensado a uma temperatura altíssima, ele precisa ter resistência ao calor. Recomendamos sempre alguma base de tecido que seja composta por poliéster na sua mistura, seja ela viscose e poliéster, poliéster com elastano ou o 100% poliéster.


Para acompanhar o trabalho desenvolvido pela designer ou entrar em conato mais informações, acesse o IG @naflaviatomaz .


Matéria: Carina Fonsc



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