A indústria da moda está entre as maiores do mundo, e cresce em uma velocidade exponencial. Para compreender esse crescimento, é importante saber o que é fast fashion e como ele pode ser produzido em grandes escalas.
Basicamente, trata-se de um modelo em que os produtos são fabricados, consumidos e descartados constantemente e com muita rapidez. Apesar dos benefícios que a produção em massa pode trazer ao mercado, como maior rentabilidade, geração de empregos e produtos a custo acessível, é necessário olhar para o sistema com responsabilidade, ciente dos impactos que podemos causar no meio ambiente e nos hábitos de consumo.
Até o século XVIII, a confecção de roupas era algo demorado. Para fazer uma peça, era necessário ter acesso aos tecidos e materiais e saber manipulá-los, o que custava tempo e dinheiro. Por essa razão, era comum que as peças fossem feitas para ter uma maior duração, todas em tear manual. A partir da Revolução Industrial, em 1790, os processos foram sendo facilitados pouco a pouco. A invenção das máquinas de costura, por exemplo, foi determinante para essa mudança e possibilitou que as roupas fossem produzidas em maior velocidade e quantidade.
O conceito de fast fashion (ou “moda rápida”, em português) surgiu apenas na década de 1990, com o barateamento tanto da mão de obra quanto da matéria-prima na indústria têxtil. Lojas como Zara, H&M e Topshop investiram em peças que lembravam a alta costura, porém tinham custo baixo para o consumidor, materiais pouco duráveis e um tempo de vida reduzido.
Rapidamente, a fórmula se tornou um fenômeno entre o público e se expandiu por todo o mundo na década seguinte. O modelo fast fashion no Brasil pode ser observado em grandes fabricantes como Renner, C&A e Pernambucanas, além da presença de várias marcas estrangeiras no mercado nacional como a SHEIN.
O impacto do fast fashion
Toda vez que falamos sobre o que é fast fashion, os impactos negativos sociais e ambientais são inerentes. Mesmo com poucas décadas de existência, já é possível identificar diversos problemas oriundos. Após a rápida expansão do modelo, a indústria da moda se tornou a segunda mais poluente do mundo, sendo uma das razões a utilização de corantes de baixa qualidade, insolúveis ou produtos à base de metais pesados.
A confecção de tecidos sintéticos derivados de combustíveis fósseis também contribui negativamente para o planeta, graças às emissões de carbono e gases tóxicos na atmosfera, aumentando a quantidade de plástico nos oceanos. Outro fator prejudicial ao meio ambiente é o descarte exacerbado de roupas. No anseio de acompanhar as tendências da moda, as peças acabam se tornando descartáveis, sendo jogadas no lixo em poucos meses.
Só no Brasil, são produzidas cerca de 170 mil toneladas de resíduos de tecidos todos os anos. Muito desse material se torna inutilizável pela falta de manejo adequado. Quando descartadas de forma correta, muitas roupas podem ser recicladas ou vendidas em segunda mão.
O emprego de mão de obra precarizada ou escrava é outro grande problema relacionado ao fast fashion. Grandes fabricantes já foram flagradas utilizando contratações ilegais, jornadas de trabalho superiores a 16 horas, condições degradantes e pagamentos ínfimos. Isso ocorre porque as marcas querem entregar a seus clientes a rapidez prometida, porém sem que seja necessário fazer grandes investimentos.
Fast fashion e sustentabilidade
Observando esse cenário, pode parecer muito difícil acreditar em um tipo de fast fashion sustentável. Em contrapartida, trata-se de algo necessário e urgente para a conservação do planeta. Uma resposta natural foi o movimento slow fashion (ou “moda devagar”), que preza pela utilização de materiais recicláveis e tecidos orgânicos em sua confecção, além de buscar transparência em suas relações de trabalho. Dessa forma, a moda se tornaria algo cíclico, e não finito, como é praticado nos dias atuais.
Agora que você já sabe o que é fast fashion e como é possível combater seus danos sociais e ambientais, lembre-se de analisar todos os processos envolvidos na sua produção, e buscar alternativas para que a moda não seja algo descartável. Consuma com consciência.
Fonte: Digitale Textil
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