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Tear: Origem dos tecidos

Você já se perguntou de onde surgiram os tecidos?

Foto: Reprodução (tecelagemartesanal.wordpress.com)


A arte de tecer e tingir fios naturais é uma herança milenar que se desenvolveu ao longo dos tempos, atingindo níveis tecnológicos avançados capazes de criar metragens numerosas de tecidos para a indústria da moda, decoração, entre outras utilidades.


Mas, afinal, de onde surgiram os Teares? Para falar sobre o assunto convidamos o Designer de Moda e Estilista Eduardo Paixão, especialista na Indústria Têxtil.

Foto: Arquivo pessoal Eduardo Paixão.


Como surgiram os Teares e os Tecelões?

Há evidências em escavações arqueológicas de teares que datam do oitavo milênio a.c., nas regiões da Mesopotâmia e da Turquia. Formações similares a teares horizontais e instrumentos de urdição foram encontrados em escavações de tumbas egípcias. Porém, estudos demonstram que as primeiras urdições foram verticais, utilizando-se galhos de árvores para estiramento dos fios, com um entrelaçamento que não mudou até os dias de hoje. O que ocorreu foram evoluções nos instrumentos e tecnologia, possibilitando uma maior produtividade e refinamento no substrato têxtil. As fibras utilizadas eram basicamente linho, lã e algodão e nesse processo de construção do tecido a ação era totalmente humana. Todo o trabalho era feito de forma manual, desde a obtenção do fio até o entrelaçamento da trama e do urdume. 


Quais mudanças históricas impulsionaram a evolução dos teares?

A tecelagem manual permaneceu inalterada até o advento da Primeira Revolução Industrial no Século XVIII. A mecanização da produção buscava uma alta produtividade para um mercado consumidor que também começava a surgir. Inventos dessa época permitiram que esse objetivo fosse alcançado, como a invenção da lançadeira volante por Jhon Kay em 1733. Até então, a inserção de trama e troca de quadro era manual. Com a esses processos automatizados, havia velocidade no processo e regularidade, porém isso causou uma escassez de fios no mercado fazendo com que, em 1764, James Hargeaves inventasse a Spinning Jenny, um proto-filatório que produzia fios muito mais rápido. Esse invento foi melhorado por Richard Arkwright que utilizava água para movimentar um filatório melhorado, produzindo fios de qualidade em menor tempo. Mas foi só em 1785 que Edmund Cartwraight inventou o tear totalmente mecânico utilizando-se de vapor, todo o processo dependia muito pouco da ação humana. Depois disso vieram uma série de inovações como os teares elétricos e os cartões perfurados de Jackard, possibilitando a variação de padronagens nas estruturas.

Foto: Reprodução (tecelagemartesanal.wordpress.com)


Quais os modelos de teares e suas características?

Alguns teares antigos como o Tipo G, inventado por Sakishi Toyoda, faziam a troca automática da lançadeira. O mesmo foi criado em 1924 e, a partir daí, várias inovações foram surgindo. Na década de 20, por exemplo, Jhon C. Brooks inventou o tear com inserção pneumática de trama, substituindo a lançadeira que era, por vezes, mortal. Essa inovação só foi chegar na indústria décadas depois. Nos anos 50 o tear a jato de ar possibilitou bater um tecido com 350 inserções de trama por minuto. Pode-se dizer que os tipos de teares existentes são:

Tear de lançadeira: já mencionado, onde uma espula colocada em um dispositivo de madeira desliza de um lado para outro do tecido inserindo a trama. 

Tear de pinça: uma pinça "puxa" o fio direto da bobina inserindo a trama na estrutura. É uma inserção de maior qualidade, pois reduz o barramento nos tecidos.

Tear de projétil: Estes teares começaram a ser produzidos pela empresa suíça Sulzer nos anos 50. O nome projétil vem da acentuada redução de massa do portatrama (de 400g, lançadeira) para 40g (projétil). A inserção da trama ocorre apenas de um lado da máquina (lado esquerdo) e existem vários projéteis em uso durante o trabalho de tecimento. No interior do projétil existe uma pequena pinça que prende a ponta da trama que foi apresentada

Tear Jato de ar: Neste tipo de tecnologia a trama é inserida através de um jato de ar que é expelido pela cala. Este ar deverá ser isento de partículas de poeira, óleo, umidade e estar em temperatura ambiente. O que direciona o fluxo de ar com a trama na cala são os condutores, que podem ser externos ao pente ou perfilados ao pente.


Quais fios são trabalhados em cada um deles?

Os fios utilizados hoje nos teares são dos mais variados tipos, desde o fio dos filatórios Open-end até fios do filatório Anel. Também fios penteados, retorcidos, entre outros. Porém, a produtividade está ligada ao título do fio, à densidade do tecido e outras variáveis a serem levada em consideração. Hoje no mercado, além dos fios simples, utilizam-se fios revestidos como os de elastano e algodão, e também os fios com tecnologia dual core, onde o fio de elastanos e T-400 (elastomultiéster) são recapeados com algodão. 


Para saber mais sobre a área têxtil e outros assuntos do universo da Moda, siga ou entre em contato com Eduardo Paixão pelo IG @eduardo_paixão_1977!




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