Depois da rápida aceleração nos setores industriais, tecnológicos e sociais dos últimos anos, 2024 inaugura uma era de reequilíbrio. Como as empresas podem acompanhar esse ritmo, mas sem perder o fôlego? A WGSN Insight apresenta os novos consumidores do futuro e o que deve ser feito para conquistar novas fatias de mercado.
Um sentido de reequilíbrio entre pessoas, locais de trabalho e o planeta deve ser a marca de 2024. Tentando entender os conceitos de metaeconomia e das novas indústrias, é a riqueza de tempo que vai nos conectar uns com os outros. Avance com rapidez, mas abrace a mentalidade 'slow'. Aí vai um resumo dos nossos quatro perfis:
Reguladores: após anos de incertezas e mudanças impactantes, este grupo se baseia na consistência como mecanismo de sobrevivência. Estratégia – tudo sem contato. Os recursos de controle de voz vão estimular o home-commerce, enquanto as ferramentas inteligentes de escaneamento serão essenciais. O conceito de 'store-hailing' (lojas ambulantes que você 'chama', como um táxi) atrai esse grupo.
Conectores: contrários à cultura da pressa – mas não preguiçosos –, os indivíduos deste grupo estão determinados a reescrever as regras do empreendedorismo e do compartilhamento. Estratégia – foque no comércio comunitário. Da ascensão do modelo 'RaaS' (revenda como serviço) às DAOs (organizações autônomas descentralizadas), este grupo é feito por pessoas e para pessoas.
Construtores de memórias: os sentimentos pós-lockdown de culpa e remorso estão sendo transformados em vidas mais enxutas e novos conceitos de família. Estratégia – invista na economia do cuidado. Foque em produtos e serviços convenientes que ajudem as pessoas a envelhecer bem.
Neo-sensorialistas: não se engane – eles adoram tecnologia; porém não querem enxergar a vida por um headset de realidade virtual. Aliás, muito pelo contrário. Estratégia – invista em momentos virais. Da ascensão dos POAPs (tokens sociais que comprovam que você participou de um evento especial) às lojas dedicadas e produtos virais, aposte nos momentos sociais para turbinar as vendas.
Sentimentos do consumidor do futuro 2024
Não há como negar: as mudanças rápidas na sociedade e na tecnologia estão gerando um sentimento de angústia. Em 2024, o conceito da internet de tudo deve ganhar espaço – uma existência circular sem fronteiras entre os mundos físico e digital. A expectativa pela metaeconomia e a ansiedade trazida pelo excesso de mudanças em um período tão curto dividem espaço no mundo atual. E esse sentimento tem nome: choque com futuro.
Criado pelos futurólogos Alvin Toffler e Adelaide Farrell em seu livro Future Shock, de 1972, o termo 'choque com o futuro' descreve a paralisia social e emocional trazida pelo “estresse e desorientação acachapantes” gerados pela magnitude e pela velocidade em que as coisas mudam atualmente. Muitas pessoas estão vivendo sob a experiência do choque com o futuro: sentindo-se desorientadas e cronicamente despreparadas.
A pandemia só exacerbou essas emoções. Não estávamos preparados para uma crise sanitária global e suas consequências: ensino remoto, teletrabalho, novas diretrizes profissionais e isolamento social. Em nível global, o sentimento é de correr uma maratona sem saber onde é a linha de chegada. A necessidade fundamental de se sentir preparado e equilibrado o tempo todo abriu espaço para uma mentalidade multitarefas constante que torna o cérebro menos eficiente, interfere na memória de curto prazo e pode causar danos à memória de longo prazo.
Não faltam dados que evidenciem que as pessoas estão cada vez mais sob o excesso de estímulos. Além da sobrecarga emocional e de uma percepção do tempo diferente, elas estão tendo problemas de processamento sensorial – a capacidade de responder a estímulos do ambiente. De acordo com o historiador sensorial Mark Smith, a pandemia causou uma 'revolução sensorial' por conta das rápidas mudanças a que os nossos sentidos precisam se submeter para navegar no mundo atual. Essa aceleração é o que gera o excesso de estímulos.
Além da revolução sensorial, as pessoas estão mais conectadas do que nunca – o boom da conectividade digital, redes sociais, canais de e-commerce e plataformas de entretenimento, games e streaming reforça isso. A nossa mente está sempre conectada, e a consequência são os altos níveis de déficit de atenção em todo o planeta.
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